segunda-feira, 14 de março de 2011

Psicologia e a constatação dos transtornos

Os transtornos de personalidade e suas características
 José Márcio Carlos

            É evidente que a principal perspectiva da psicologia está na observação e investigação das atividades psíquicas do ser humano. No entanto, já as atividades físicas não são objetos avaliativos dela, visto que possuem ciências próprias para esta outra dimensão do homem.
            Todavia, no que diz respeito às atividades psíquicas, a psicologia possui certos parâmetros de comportamento que as definem como normais, ou seja, há critérios comuns que são seguidos por aqueles e aquelas que possuem a chamada normalidade. Dessa forma, a personalidade é vista como saudável e regulada.
            Entretanto, há casos que fogem aos critérios da normalidade e estes são chamados de transtornos da personalidade. Isso é visível porque há uma mudança no comportamento da pessoa, quer dizer, um distanciamento das perspectivas normais. Obviamente, essa ocorrência não é um fato isolado, mas contínuo. O transtorno é resultante de atitudes persistentes, as quais não tem um determinado controle. Alguns transtornos de personalidade traduzem bem essa persistência: o transtorno histriônico, o esquiva (evitativo), o dependente e o obsessivo-compulsivo.
            O transtorno histriônico possui um padrão invasivo de emocionalidade excessiva e comportamento de busca de atenção. Suas características são: sensação de desconforto quando não é o centro das atenções; superficialidade na expressão das emoções e instabilidade, ou seja, muda as emoções com freqüência; discurso excessivamente impressionista e carente de detalhes; alta dramatização, teatralidade e expressão emocional exagerada; facilmente influenciado pelos outros ou por circunstâncias; e super valorização dos relacionamentos, quer dizer, mal conhece alguém e já o trata como amigo e etc.
            Já o transtorno esquiva (evitativo) é percebido pelo padrão de inibição, sentimento de inadequação e hipersensibilidade. A pessoa evita atividade que exija relação pessoal por medo; despreza promoções, porque as atividades podem despertar críticas; evita novas amizades; tem dificuldades para descrever e expressar-se; reluta-se a assumir riscos ou a envolver em atividades novas; magoa-se com críticas e desaprovações; é tímida, quieta, por medo; espera ser considerada errada; reage a zombarias e desprezos; apesar do anseio pela vida, a teme; demonstra inibições em novas situações interpessoais e etc.
            O transtorno dependente é aquele em que a pessoa tem a necessidade invasiva e excessiva de ser cuidada. Esse fato evidencia-se devido à vida da pessoa “girar” em torno do outro, o qual escolheu como seu guardião. Isso transparece pelas características seguintes: a pessoa tem um comportamento submisso para obter atenção e cuidado; tem medo da separação percebe-se incapaz de agir adequadamente sem auxílio de outra pessoa; tem grande dificuldade de tomar decisões corriqueiras sem conselho de outro e de expressar discordância de outras pessoas; sente desconforto ou desamparo quando está sozinha, pelo medo exagerado de ser incapaz de cuidar de si mesmo e etc.
            Por fim, o transtorno obsessivo-compulsivo é detectado na pessoa que contém excessivamente a preocupação com organização, perfeccionismo e controle mental e interpessoal. Isso é perceptível na pessoa que apresenta as seguintes manifestações: tenta manter um sentimento de controle através de uma atenção extenuante a regras; ser intensamente cuidadosa e propensa à repetição, dando extraordinária atenção a detalhes e verificando repetidamente as coisas em busca de detectar erros; o seu tempo é mal distribuído, sendo as tarefas mais importantes deixadas para última hora; é avessa a delegar tarefas ou trabalhar com outras pessoas, pois tem medo de não sair perfeito, etc.
            Neste intuito, nota-se que o padrão persistente encontrado nas características destes transtornos citados provoca sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em áreas importantes da vida do indivíduo.
            Problemas ligados à vida pública, social, profissional e afetiva são presentes e estão em comum nos transtornos. Isso se apresenta muito prejudicial, visto que são perspectivas importantes e partes essenciais da vida humana. Afetando-as, afeta-se também o próprio processo de desenvolvimento da pessoa, o que acaba comprometendo os projetos futuros. Neste sentido, muitos outros prejuízos poderiam ser enumerados para constatar os vários danos que os transtornos podem trazer, entretanto não há mais a necessidade d constatação de outros tantos prejuízos.
            Enfim, os desafios de quem possui alguns destes transtornos são muitos, visto que, de fato, a própria vida se desenvolverá dentro das determinações do transtorno específico. Dessa forma, percebe-se a necessidade de encontrar recursos que permitam à pessoa procurar auxílio profissional, a fim de que ela possa se estabilizar e se reestruturar em bem da própria qualidade de vida.

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