domingo, 6 de março de 2011

Psicologia Freudiana

Os três níveis da vida psíquica
José Márcio Carlos

            Percebe-se que tentar explicar o ser humano é um desafio muito grande, visto que ele, no todo, assim como nas partes, é bastante complexo. Contudo, na perspectiva da organização intrapsíquica, a psicologia buscou desenvolver três níveis para tentar explicar uma parte fundamental do ser humano: a sua vida psíquica. E estes são: psicofisiológico, psicossocial e o racional-espiritual.
            O primeiro nível é o psicofisiológico. É o período dos apetites fisiológicos. Ele está presente na infância, sobretudo no recém nascido, visto que esta fase da vida nada mais é do que um momento em que a criança só tem a “consciência” de que necessita satisfazer as suas necessidades e desejos fisiológicos. Ela está começando a sua vida. Sendo assim, não conhece nada e simplesmente age de modo instintual.
            O mundo, neste período, é compreendido como um objeto para satisfazer os prazeres fisiológicos da criança. A atividade mental gira em torno das idéias de prazer e desprazer. O prazer ocorre quando há a gratificação das necessidades físicas como, por exemplo: a fome, sede, frio, dor, etc. Já a sensação de desprazer acontece quando não há a gratificação dessas necessidades.
            A forma que as crianças encontram para expressar um desconforto ou um desejo não atendido é por meio do choro. Isso faz com que elas sintam o sentimento de onipotência e se tornem o centro das atenções, pois o choro, habitualmente, provoca incomodo nos pais, o que os levam a decifrar e atender a necessidade que as crianças estão reclamando.
            O segundo nível é o psicossocial, o qual permite a uma pessoa desenvolver uma busca de relações gratificantes, principalmente com o mundo de pessoas que a cercam. A atividade mental se resume em estabelecer relações, o “o estar com...”. É um período em que a criança sente a necessidade de ser amada, de manter relações sociais.
            Diferentemente do nível psicofisiológico, no psicossocial há tendências para a ação que não são ativadas por estados fisiológicos e que não visam objetos específicos determinados pela natureza. Qualquer objeto que é avaliado como agradável ou satisfatório para a pessoa pode motivá-la a fazer ou a sentir vontade de, por exemplo, amá-lo, estabelecer uma amizade, ser agressivo, etc.
            O nível psicossocial pode ser entendido também como um meio para que uma criança consiga abandonar o sentimento de centro das atenções. Visto que a criança passa a entender aos poucos o mundo, e este contato, esta relação direta com o mundo, facilita na compreensão de que ela não está sozinha no mundo, que este não parece do jeito como ela até então concebia, ele é muito mais.
            O terceiro e último nível é o racional-espiritual, que é o período em que há a necessidade de conhecer a verdade e tudo o que a razão possibilita. Inicia-se antes da adolescência até chegar ao nível esperado: a fase adulta. Tem como motivação originária o desejo e a necessidade de saber e de resolver os problemas fundamentais da vida. Dessa forma, nota-se que é uma fase da vida na qual o racional começa a se aflorar e a ocupar espaço dentro da dimensão psíquica das pessoas.
            Compreende-se também, nessa etapa da vida, que o homem desenvolve a capacidade de abstração. Este poder abstrativo é chamado de inteligência ou razão. Da observação de fenômenos individuais, um homem pode abstrair os princípios gerais, isto é, os conceitos abstratos e as leis que governam ou explicam os fenômenos.
            Sendo assim, nota-se que o nível racional-espiritual vem como um auxílio ao nível psicossocial, o qual foi também um auxílio para o psicofisiológico, pois o que se pode apreender da passagem de um nível para o outro não foi à anulação ou a destruição de um ou outro, mas uma complementação das limitações que cada um manifestava.
            Ao refletir sobre estes níveis da vida psíquica, na perspectiva Freudiana, o nível psicofisiológico se demonstrou como uma representação do “Id”, pois a única preocupação era a satisfação das necessidades e desejos da vida; já o psicossocial como uma representação do “Ego” e, de certa forma, também do Id, porque a pessoa se encontra diretamente e, contato com a realidade, com o social, assim como utiliza deste contato para gratificar os desejos de relacionamento com as pessoas. Por fim, o racional-espiritual é como uma representação do Superego, uma vez que esse busca o racional das coisas e é “modelo”, para os outros dois níveis, de amadurecimento e relacionamento saudável. Isso não leva ao egoísmo ou a prejudicar os outros.
            Enfim, compreende-se que os três níveis da vida psíquica são partes de um todo, que é a personalidade. Cada um tem suas características próprias, que orientam o homem de acordo com o seu amadurecimento. E a partir do desenvolvimento natural da vida, cada nível passa a servir de auxílio, a fim de chega a um patamar de equilíbrio que permita a boa vivência da mesma.

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